31 outubro 2005

Angustia existencial :

Feed-back de realimentação positiva
Dos ácidos, aminoácidos, proteinas
fechados em células, ou à deriva
A regularem para que não cresça a mais
A regularem para que não cresça a menos
A regularem para que seja assim.

E eu, assisto impotente a este frenesim...

He Lá açucares, compostos de carbono, adrenalina
Guiados por algoritmo incorpóreo, cego, oculto
Deixem de regular a minha sorte
Em tropel, falsa desordem, tumulto...
E de gerir minhas dores, meus amores, meus ais

Se isto é a vida, eu quero a morte !

Ao menos, os ácidos neutralizam as bases; dão sais... ha ha ha ...

30 outubro 2005

sempre que perdemos tudo
percebemos que há minutos que são milénios imensos
e descobrimos que a vida que vivíamos sem dar conta
e que no fundo éramos nós a respirar
é um milagre cheio de elementos
que reconhecemos e em que nos identificamos
um milagre onde habitam as pessoas a quem amarrámos as nossas mão
se jurámos amar para sempre
um milagre que existe para lá das memórias que quisemos muralhar
e que no fundo nunca soubemos compreender

José Rui Teixeira

[este poema foi copiado do blog porto-fragil]

O autor deste poema afirma, aparentemente sem querer, umas verdades científicas. Chegou a elas pela intuição (a capacidade de saber não sabendo que se sabe).

O milagre da vida significa a improbabilidade de se estar vivo neste planeta, tais são as ameaças presentes: doenças, acidentes, desastres naturais, conflitos, etc. Até a probabilidade de nascer é ínfima. Basta dizer que o material genético contido numa só ejaculação é suficiente para fertilizar todas as mulheres da Europa que engravidam num ano (lido algures).

Para conseguir sobreviver neste ambiente hostil cada ser vivo tem que lutar, sem descanso e todos os dias, procurando alimentos e abrigo (protecção), tendo muitas vezes que lutar com outros animais (da sua espécie ou não) para os conseguir. E procurando sexo, para que, através da reprodução o “projecto” do seu genoma não se perca no tempo. A missão é transmitir o software do genoma para o futuro.

As pessoas estão tão concentradas na sua missão (sobreviver para se reproduzir) que não realizam todo o seu ambiente, isto é, não tomam consciência de todos os factores que estão a contribuir para a sua sobrevivência. Só quando os perdem é que acordam !!!



25 outubro 2005

A explicação da notícia de ontem chegou hoje, à mesma hora:
O Ministério da Educação vai fechar 400 Escolas Primárias.

A Ministra não teve coragem para dizer logo que ia reestruturar o Ensino Básico e que, com 10% do que poupa, vai financiar refeições!

Mais do mesmo!

24 outubro 2005

O Ministério da Educação vai comparticipar as refeições dos alunos das escolas básicas, noticiou a TSF hoje de manhã. Na mesma notícia transmitiu palavras da respectiva ministra em que ficámos a saber que esta medida já abrangia outros níveis de ensino, e transmitiu a posição do Sindicato dos Professores Fenprof que se congratulava com a medida mas não acreditava na sua efectividade porque muitas escolas básica não tinham instalações capazes para acolher essa medida (deu o exemplo de uma em Viseu), até porque isso já tinha acontecido com o ensino de inglês na primária e com as aulas extras a alunos com dificuldades no ensino secundário.

Ora bolas! Disse eu para comigo, das três entidades envolvidas nesta notícia nenhuma está com vontade que se saiba realmente o que se está a passar! Se alguma delas quisesse, bastava acrescentar:
"Prevê-se que esta medida abranja a curto prazo cerca de X alunos em todo o país, que representam cerca de Y% da população escolar actualmente a frequentar o ciclo básico"

O ideal seria que a notícia acrescentasse a distribuição geográfica dos não estão contemplados, o prazo previsível para a cobertura total da medida, e os custos envolvidas.

É que as meias-notícias como esta servem o actual status de populismo, em que a Comunicação Social ganha audiências sempre que há polémica, a Ministra ganha protagonismo sempre que contribui para a polémica (mais vale falaram mal de mim do que não falarem nada), e os sindicatos ganham adeptos (que pensam estar a ser bem defendidos).

O que pode estar a acontecer, ainda na esteira do populismo, é que ninguém conhece o verdadeiro impacto da medida, tendo sido feito o anúncio só com a intenção de melhorar as sondagens de opinião e , isso sim, cabe ao sindicato denunciar: "...contactámos o Ministério e ninguém nos soube indicar o impacto".

23 outubro 2005

O código de Ética para Gestores e Empresários, criado pela Associação Cristã dos Empresários e Gestores (ACEGE), foi assinado no dia 20 de Outubro de 2005 por membros daquela associação.

O jornal Público noticiou:

"Com assinatura do código, gestores e empresários assumem pessoalmente um conjunto de obrigações éticas na acção empresarial, onde encontram questões como a justa remuneração dos trabalhadores, as condições de trabalho, o combate à fraude e evasão fiscal e corrupção."

Surge pela primeira vez um esboço de certificação de pessoas, quanto a códigos de conduta.

O referido grupo de signatários reconhece que a classe dos gestores e empresários não é bem vista pelo público (como referiu o Dr. Roquette em entrevista à TSF), o homem comum costuma classificar os Gestores de Aldrabões com o fisco, desrespeitadores das leis do Trabalho e do Ambiente, Corruptos (activos ou passivos).

Um movimento semelhante apareceu nos anos 50, quando havia também grande desconfiança quanto à qualidade dos produtos e serviços vendidos por grande parte das empresas a actuar no mercado de então.

Grupos de empresários que queriam diferenciar as sua empresas criaram normas de gestão que servem de referência na certificação da qualidade das suas empresas, que é feita por organismos independentes, exteriores à empresa. Os símbolos de "empresa certificada", que encontramos hoje nos documentos de marketing, nas facturas ou até pintados nas viaturas das empresas, são emitidos por esses organismos, e mostram como a ideia da certificação proliferou nos últimos anos, abrangendo hoje grande parte das empresas da Europa. A norma ISO 9001-2000 é a mais conhecida por garantir a satisfação do cliente, mas também estão muito divulgadas as normas 18001 e 14001 que garantem a boa gestão da higiene e segurança dos trabalhadores e gestão da poluição, respectivamente. Este sucesso deve-se ao facto de as partes envolvidas (empresários, clientes, fornecedores, público em geral) reconhecerem que as empresas certificadas cumprem mais vezes e melhor aquilo que se espera delas. São mais rentáveis (empresários), fornecem melhores produtos e serviços (clientes), são melhores clientes (fornecedores), são socialmente mais válidas (público em geral).

Para que os signatários do Código de Ética se imponham no futuro como homens sérios e cumpridores dos princípios do código (aquilo que se espera deles), devem ir mais além da assinatura. Têm que imaginar e pôr em marcha um sistema de fiscalização periódico e independente, das sua próprias práticas, que contemple penalizações para aqueles que prevaricarem, como acontece nas normas da qualidade.

22 outubro 2005

O Dia Mundial dos Cuidados Paliativos comemorou-se no passado dia 8 de Outubro.
A esse propósito, revista XIS publicou um artigo assinado por Claudia Freitas, em que a articulista começa por dizer:

"Absorvidos numa cultura que privilegia a realização material e promove os valores da autonomia, do sucesso, da beleza e da juventude eternas, é quase natural não estarmos preparados para lidar com estas situações...".

Mais à frente a autora fez-me saber que:

"... os cuidados paliativos são um conjunto de técnicas altamente especializadas que não pretendem influenciar o decurso da Natureza mas sim aliviar a dor e o sofrimento físico, preservando a qualidade de vida do doente e daqueles que lhe estão próximos e permitindo-lhes viver esse tempo com dignidade..."

Foi nesta fase da leitura que a minha mulher me chamou para o jantar, subtraindo-me aos braços acolhedores do sofá e lançando-me na inóspita cozinha, para a "sopa seguida de uma peça de fruta" a que estão reduzidos os meus jantares de cinquentão.
Contei-lhe o que estava a ler, e trocámos umas larachas com algum humor sobre a profusão dos Dias Mundiais. Mas, nos bastidores do meu cérebro eu ia revendo a triste experiência que tinha vivido quando da morte de um familiar nosso, que aconteceu no Hospital Egas Moniz, numa enorme enfermaria anexa ao hospital, para aonde levavam os doentes terminais. Aí o recolhimento era impossível, a privacidade também.
Voltei ao sofá, tentando antecipar mentalmente o resto que ia ler. Se calhar a autora ia propor a criação de mecanismos de formação para as famílias, já que se tratava de "técnicas altamente especializadas". Ou iria propor que se alterasse a lei do apoio à família na doença. Enfim, iria propor algo que corrigisse a tal cultura que não nos prepara para estas situações.
Mas, para meu espanto, encontrei o seguinte texto:

"Felizmente existem muitas pessoas com vocação, com uma extraordinária capacidade de amor e de entrega que dedicam o melhor dos seus dias a dar sentido aos dias dos outros, promovendo a auto-estima dos doentes ...".

Afinal a autora estava era a propor a criação de uma nova profissão, a que chamarei de Paliativista, com técnicos a quem as famílias recorreriam quando tivessem um doente com necessidade de acompanhamento e carinho. Não estava em causa mudar a cultura no sentido de proporcionar aos doentes terminais os cuidados e a atenção dos seus familiares na hora da morte, mas a atenção de um profissional na hora da morte.

A Claudia Freitas está com certeza a ser realista, pois não é previsível que as famílias troquem o comodismo das suas rotinas pela convivência com os seus doentes terminais, com tudo o que isso significa de abdicação, de ansiedade. Não é previsível que um filho peça redução de horário ou licença sem vencimento para tratar de um pai, depois de avaliar os contras dessa situação, no que diz respeito à diminuição de rendimentos ou dos estragos que essas situações possam provocar na sua carreira profissional.

Olhos não vêm, coração não sente. Haja dinheiro para colocar o doente num lar e para pagar ao lar e mais ao Paliativista! Ficamos todos satisfeitos!

20 outubro 2005

Fazer nada por prazer
É uma legítima ambição.
Até pode não parecer
Mas faz bem ao coração

Certos nada são muito mais
Que pensar em orçamentos
Em engenheiros e outros tantos
Que não vêm nos jornais

Assim, tirarei o proveito
Das fitas que há p´ra ver
Hei-de encontrar um jeito
Isso sim, isso é viver.

E nos livros que já li
Que me ficaram no goto
Vou reler o que senti
De Pessoa a António Botto.

Vou encontrar coisas novas
Que nem sonhava ter lido
Pois quem lê velhas trovas
Descobre outro sentido.

Fazer tudo isto na calma
Revigora o nosso ser
É um descanso da alma
Dá um gozo, a bem dizer.

Vou viajar sem ter norte
Às horas que entender
O acaso é a minha sorte
Sem nada p'ra me prender.

O mês de Março a entrar
Do ano dois mil e cinco
E eu, em vez de trabalhar
Faço versos com afinco.

Há quem diga estou demente
Levo horas a cismar
Eu devia é estar ausente
Ir p'ra longe ver o mar

E agora que já é hora
De sair desta espelunca
Vou-me embora, porta fora
Mais vale tarde que nunca.

18 outubro 2005

A Irradicação da Pobreza, de que hoje se comemora o dia mundial, é a actividade pela qual muitos Pobres proporcionam bons negócios a alguns Ricos.

Por exemplo, o armazém aonde são guardados os produtos alimentares recolhidos pela Ajuda Alimentar Portuguesa, custa a esta organização uma renda de 600 contos (antigos, claro está).

A Ajuda Alimentar a países como a Somália, Moçambique, etc., é outra mentira. Serve para escoar excedentes agrícolas dos países ricos (alguns deles com muita população pobre, como o Brasil, os EUA), e limita-se a manter vivas as populações que diz querer ajudar. Muitas vezes tendo como contrapartida concessões económicas e políticas. Concessões que não obteriam se não fosse a "ajuda".

Os países com muita população esfomeada, subnutrida, doente, não têm qualquer hipótese de "levantar a cabeça" enquanto recorrerem à "Ajuda Alimentar Internacional", pois essa população continua a ter filhos sem condições de os criar de uma forma saudável, e isso impossibilita o aparecimento de gerações jovens e saudáveis, capazes de adquirir formação e de relançar a economia de seu país.

A comida é usada como arma estratégica.

Só acredito numa "Irradicação da Pobreza" que se baseie no auxilio à auto-suficiência dos pobres.
Eu não disse "auxilio ao desenvolvimento" ; essa é outra mentira!

16 outubro 2005

Tenho aversão em ir ao médico, tantos foram os “barretes” que enfiei com essa classe de profissionais (salvo poucas mas honrosas excepções).

Enquanto o Estado criar mecanismos que tornam necessário ter média de 19 valores no liceu para poder entrar em Medicina, grande parte dos médicos serão puros mercenários. Portanto, não podemos esperar deles a dimensão humana que é tão necessária às boas práticas na Medicina.

Prefiro ir à Bruxa. Mas as bruxas (homeopatia, acupunctura, etc.), são proibidas; o Estado recusa à priori tudo o que não jorra da medicina ocidental. Pela mesma razão que instituiu o mecanismo dos 19 valores!

Não admira que o aumento da afluência das pessoas às “igrejas” da IURD esteja fortemente correlacionado com a diminuição da afluência das pessoas às consultas da Caixa (em determinada região). São pessoas doentes por solidão, desenraizamento social, abandono pelos familiares. Dantes iam à Caixa mendigar uma migalha de atenção aos profissionais de saúde, mesmo quando não se sentiam muito mal, ou não obstante pressentirem que os seus males eram psicológicos. Agora encontraram um clube aonde se pratica a convivência, se ouvem as pessoas desabafar, etc.
Regressam a casa felizes!

10 outubro 2005

Ainda ninguém percebeu o "troço" da Fátima, Isaltino, etc? Eu explico:A facção populista do PPD/PSD (Santana Lopes), a facção populista do CDS (Paulo Portas) e a facção populista do PS (Sócrates) são apoiados pela Administração Bush. Por isso estão no Poder. Estão no Poder mesmo aqueles que não foram apoiados pela respectiva direcção partidaria(Fátima, Isaltino, ...).E com o Presidente da República vai acontecer o mesmo!A questão dos sacos azuis, Juizes amigos etc. é só uma confirmação desta teoria. São os métodos utilizados e cientificamente dominados pelo Grande-Chefe! Lembram-se como ele chegou à presidência dos EUs?

09 outubro 2005

A dimensão religiosa é parte integrante da dimensão humana porque é uma consequência da Razão, do conhecimento que o homem tem (os animas não) da sua finitude, de que vai deixar de existir um dia.

Não pense, meu caro amigo Honório, que há algo de transcendente na dimensão religiosa.

A religião não é uma virtude, por mais citações que me faça de autores relativamente aos quais não tenho a mínima autoridade de discordar.

Qualquer religião é um conjunto de regras a impor comportamentos. Suportadas por crenças, pela fé.
A religião tem a finalidade de moldar o comportamento social no sentido de substituir comportamentos egoístas (primariamente egoístas) por comportamentos de cooperação entre os homens, pois isso é bom para a sobrevivência do Homem.

Por isso digo que a Religião é segregada, não digo criada. É segregada como o é toda a Criação (biosfera), por um algoritmo cego e determinista (a LEI). O mesmo que rege os sistemas de realimentação positiva do metabolismo ou da segmentação do ovo até ao aparecimento de um novo ser.

Como disse São Tomás:
"Deus está em todas as coisas, não como uma parte da essência delas, ou como um acidente, mas como o agente presente naquilo que age. É necessário que todo o agente se encontre em contacto com aquilo em que imediatamente age e o atinja com o seu poder."

Deus é a Lei.

08 outubro 2005

Meu caro amigo Honório:

A conversa que tivemos no dia dos meus anos conduziu-me a longas ruminações, parte das quais lhe vou transmitir na humilde esperança de que lhes faça algum bom proveito:

No reinado de D. Dinis deu-se a grande desgraça da Peste Negra. Dois terços da população portuguesa morreu, tendo o outro terço sobrevivido não obstante o contacto directo com esse vírus terrível nas deficientes condições de higiene que os nossos historiadores relatam.

Diz-se hoje que, provavelmente os sobreviventes resistiram à doença por transportarem um "quadro genético" resistente a essa doença.

Esse "quadro genético", como todos os "quadros genéticos", foi herdado por cada indivíduo, dos antepassados da sua linha genealógica. Tinham uma diferença, que desconheciam possuir, que lhes poupou a vida no contexto dessa epidemia.

Isto sugere que cada um de nós possa possuir características genéticas cujas implicações desconhecemos e que nos podem ser muito úteis. A nós e aos nossos descendentes a quem as transmitirmos (se essa transmissão ocorrer).

Imagine agora que foi feito um estudo de Saúde Pública no tempo de D. Dinis, usando os restos mortais de pessoas que morreram no tempo da Peste Negra, e que se chegou à conclusão que nesse tempo a maioria das pessoas morria antes das 40 anos (esperança de vida), de desastre, tuberculose, lepra etc. e que os que passavam todas essas barreiras vinham a morrer mais tarde de cancro da mama, ou da próstata ou da doença de Alzheimer.

Imagine agora que esse estudo concluiu que todos os sobreviventes à Peste Negra possuíam o gene hereditário da doença de Alzheimer e morreram mais tarde com essa doença ou com outra qualquer, e que, dos que morreram de Peste Negra, nenhum tinha esse gene.

Se assim fosse, podíamos afirmar com segurança que você devia a sua existência a sua Mãe como progenitora mas também à sorte de a doença dela ter sido sempre transmitida ao longo da sua arvore genealógica não deixando que a árvore "secasse" quando da Peste Negra.

Também podíamos afirmar que os seus descendentes (e já são tantos) podem ter esperança razoável de ser imunes à Peste Negra.

Se hoje surgisse um surto de Peste Negra na cidade do Porto, onde você mora, era legítimo da sua parte mandar fazer um estudo dos seus genes na esperança que sua Mãe lhe tivesse transmitido o gene da tendência para contrair a doença de Alzheimer, pois isso significava estar imune àquilo que mais importava no momento. Ainda por cima, não era certo que viesse a contrair a doença de Alzheimer.

Os desígnios de Deus são insondáveis, pelo que devemos aceitar com igual gratidão o que Ele nos dá: as coisas boas, porque nos agradam, e as coisas más porque (Deus sabe) também são boas.

07 outubro 2005

Quando o ovo é fecundado pelo espermatozoide (ou pelo pólen, no caso das plantes) inicia-se a grande caminhada de construir um novo indivíduo. Não um indivíduo qualquer, mas um indivíduo muito semelhante aos progenitores, pois esse processo faz-se por cópia das características genéticas dos pais.

Depois de o novo indivíduo estar totalmente concluído, verifica-se que tem características genéticas herdadas dos pais e outras que não são do pai nem da mãe. Essas outras resultaram de erros de cópia. Isto é, o processo de cópia não é perfeito.

São esses erros de cópia que proporcionam a evolução das espécies.

Pois permitem que apareçam indivíduos sempre diferentes e, por isso, mais ou menos adaptados ao meio ambiente, conforme a sorte que tiveram no erro de cópia que lhes coube em sorte.

Os que tiveram mais sorte, coube-lhes uma diferenciação genética favorável, que lhes permite competir em vantagem com os seus semelhantes, têm por isso mais probabilidades de sobrevivência e, portanto, mais oportunidades de reprodução, transmitindo esses bons genes às gerações seguintes.

Os que tiveram menos sorte, coube-lhes uma diferenciação genética desfavorável, estão em desvantagem, vão morrer mais cedo e reproduzir-se menos.

É assim, por acaso, que aparecem as adaptações perfeitas ao meio ambiente.

Também é assim que aparecem novas espécies, por diferenciação sucessiva e sempre divergente.

O que distingue duas espécies diferentes é, basicamente, o facto de os indivíduos de uma espécie não se puderem cruzar com os de outra.

A girafa não tem o pescoço grande porque a bisavó e trizavó ... andaram a esticar o pescoço durante toda a vida, e o organismo foi-se adaptando. Não. O que aconteceu foi que, durante milhares de gerações nasceram animais com o pescoço maior, por desvio de cópia, e “Deus viu que era bom” e fez com que daí para a frente fossem todas assim.

O que manda no comportamento dos animais e das plantas é o conjunto de genes que os habitam. È a sua razão de ser.

Os indivíduos são veículos que transportam genes. A sua missão é a de os transmitir aos seus filhos, cumprindo o velho destino na Terra de : Comer -> Sobreviver Reproduzir-se. Quem manda são os genes.

Este esquema de funcionamento da Vida é que conduz ao egoísmo dos indivíduos (animais e plantas), pois eles têm uma missão a cumprir, não podem fazer concessões, só cooperam uns com os outros quando a cooperação ajuda a cumprir a missão.

Então e o Homem ?

Foi assim:
Há milhões de anos apareceu na terra uma nova espécie de macacos que tinha a faculdade de comunicar por sons de uma forma mais elaborada que os outros macacos.
Tinham linguagem. Essa faculdade conduziu à criação dos primeiros conceitos que, memorizados, são os primórdios da cultura. Isto é, são experiência transmissível aos filhos.

A transmissão de experiência de pais para filhos deu vantagem competitiva a esta espécie de animais, que começaram desde logo a impor-se aos outros animais.

Nasceu a cultura que, segundo os neo-darwinistas (Darkins, Dennett) é uma extensão dos genes, a que chamaram memes.

Exemplo de memes: “Comida”, “perigo”, “mais vale um pássaro na mão do que dois a voar”, “pintava a minha cara de preto”.

Os “memes” são concentrados de cultura elementares, que se transmitem facilmente de geração para geração. São aos milhões que habitam em cada homem. E, ainda por cima, comportam-se como os genes; preduram no tempo só os memes que se revelaram bons para a adaptação do indivíduo (neste caso à Sociedade aonde vive). São também eles que mandam.

Conclusão: O homem não é senão um veiculo de “genes” (animais ou culturais), impregnado por milhões deles e comandado por eles.

Por isso é possível fazer os apuramentos "meméticos" que conduzem aos Kamikases!

06 outubro 2005

Na doença de Alzheimer existe uma consolação; o doente não está em sofrimento (partindo do princípio que não há sofrimento quando não há consciência do sofrimento)
Quem mais sofre são os entes queridos, que são obrigados a conviver com uma pessoa que já não o é. Que ainda existe fisicamente, mas já não comunica como pessoa.

05 outubro 2005

Em subscrito fechado
Chegam notícias de mim
Colestrol e triglice sem fim
E um PSA acabado!

Fico logo de mau humor:
Vão chegar humilhações
Conselhos, dores, privações
Mandados por ditador

Que ele me tire a feijoada
O pastelinho, a dobrada,
Ainda vá que não vá

Mas não me tire o bá-bá!
Os natas, pudins, ecléres.
São doces, são meus prazeres!