26 dezembro 2005

É em 31 de Dezembro que as Empresas fazem o Balanço.
Que despesas e que receitas tiveram, que impostos pagarem, etc. E, num só número – o Resultado – resumem e excelência da sua actividade comercial:
Há os resultados “positivos débeis”, ou “positivos confortáveis” ou “negativos simplesmente” e até “perigosamente negativos”.
Em qualquer dos casos o Patrão, que quer continuar a sê-lo, diz: Para o próximo ano teremos que fazer melhor!

É em 25 de Dezembro que os Cristãos fazem o Balanço do seu desempenho ético/moral:
- As vezes em que eu invoquei cansaço para desculpar a minha ausência das visitas ao hospital em que o meu irmão está internado…
- E quando neguei à minha Mãe uma visita a Viseu invocando o custo da viagem quando afinal a minha recusa foi pelo ressentimento de achar que ela dá mais atenção aos outros filhos de que a mim…
Mas também fiz coisas boas:
- As horas que estive ao telefone com aquela tia-avó (tão chata!) que parece ser accionista da Portugal Telecom! Coitada, vive isolada, só o telefone a liga a este mundo…
- As vezes em que “perdi” horas em supermercados (eu, que detesto compras) só para agradar a minha mulher…

É pena que não haja um indicador seguro que nos indique se o Resultado foi positivo ou negativo.
Resta-nos dizer, como patrões de nós próprios que devemos ser: Para o próximo ano terei que fazer melhor.

E que se cuidem os agnósticos e os ateus, esta mensagem também é para eles. Porque o comportamento ético tem muito a ver com do animal que existe em nós. A ética existe como a extensão dos genes proporcionada pela Cultura, para garantir a sobrevivência do indivíduo no mundo Social.

16 dezembro 2005

A Ana, perturbada com o comportamento dos filhos disse:

«Um dos sinais perturbadores deste tempo é haver cada vez menos gente nova a lutar por uma ideia, inconformada, com vontade de mudar o mundo e a convicção pura de que o vão conseguir.»

E eu respondi-lhe:

Não são assim tão perturbadores:

O inconformismo, a vontade de mudar o mundo para melhor, surgem sempre associados à percepção que vastas camadas da população têm de que a sua sobrevivência está ameaçada ( a sua e a de seus filhos, netos…). A Revolução Francesa, os Descobrimentos (só para dar dois exemplos), surgiram em épocas em que grande parte da população passava fome e sofria toda a espécie de privações.
Os Ideais são memes que surgem como resposta à ameaça da sobrevivência, são elementos reguladores da Vida, e as pessoas abraçam os ideais como se fossem bóias de salvação no seu impulso para a sobrevivência. Quase sempre sem terem a consciência desse porquê.
Como todos os elementos reguladores da vida são, como nos fractais, uma variante dos ciclos feed back de realimentação positiva que caracterizam todo o tipo de regulação na Biosfera.
Os algoritmos que regulam esses ciclos são cegos, ocultos, deterministas. Ir contra eles é ir contra a Lei de Deus, pois eles são em si próprios a Lei de Deus.

Não sinta culpa de não ter sabido educar os seus filhos de acordo com os seus ideais. Eles, os seus filhos, são seres lançados num mundo diferente do seu, mundo esse, que por ser diferente também tem leis diferentes. Deixe-os viver a vida deles, no respeito dos princípios básicos da boa convivência social. Sem culpa.

15 dezembro 2005

O TGV é mais uma medida de fundo a somar a outras que visam subordinar a economia portuguesa à economia espanhola, europeia, americana...
Depois da digitalização total das comunicações telefónicas que possibilitou o acesso eficiente (barato) à Internet ou a deslocação de back-offices para outros pontos do mundo, facilitando às multinacionais comprar empresas portuguesas ou colocar pontos de venda em Portugal.
Depois da construção da rede de auto-estradas, que possibilitou a importação rápida (barata) de produtos estrangeiros (incluindo excedentes agrícolas).
Impõe-se proporcionar aos gestores de empresas sediadas em Madrid, rápido acesso às sucursais que as suas empresas abriram em Lisboa (mais rápido e mais barato que pelas auto-estradas). Gestores de multinacionais espanholas ou multinacionais americanas com sucursais na Península Ibérica.
E assim vamos assistindo paulatinamente à destruição de oportunidades de nos afirmarmos como país europeu. Vamo-nos contentando com as migalhas do Desenvolvimento. Vamos aceitando ser inquilinos no nosso próprio território.
Quem paga todas estas infraestruturas não está interessado num Portugal-país-europeu, e exige como contrapartida a destruição da Agricultura, das Pescas, da Indústria e de tudo o mais que se verá!
Se tivéssemos apostado na Educação e na conquista de mercados de produtos baseados no Conhecimento, outro galo estaria a cantar hoje, em Portugal!

03 dezembro 2005

As escutas telefónicas feitas de uma forma indiscriminada são um assunto que está na ordem do dia.
Miguel Sousa Tavares conseguiu encher uma página inteira do jornal Público com este assunto e acabou por tirar conclusões precipitadas.

Este assunto faz-me lembrar a pirataria informática que surgiu logo a seguir à divulgação da rede da Internet. É assim:
“Pessoa desconhecida entra no computador de outra para destruir ou roubar informação.”

Pergunto a mim mesmo se não se está a passar o mesmo com a rede dos telemóveis e a respectiva informação.

A Microsoft (responsável pela concepção da maior parte dos programas que utilizam a Internet ) optou por deixar “portas” de acesso secreto nos computadores aonde o seu software está instalado. As polícias dos diversos países agradecem. Os Hakers também!
(Haker é um especialista em programação informática que consegue violar a informação de um computador da rede sem que o proprietário se possa opor).

A frequência com que ocorrem ataques de hakers em computadores pessoais e departamentais é hoje muito grande. De tal forma que, para estar ligado à Internet com alguma segurança é necessário adquirir programas de protecção contra estes info-bandidos! Assim proliferou o próspero negócio dos programas antivírus, grande parte deles também portadores de vírus anti-infidelidade dos utilizadores (este mundo cão!).

Ora, as redes de telemóveis são semelhantes à Internet. Nelas o telemóvel desempenha o papel de computador e a informação que circula nas redes de telemóveis não é menos valiosa que a que circula na Internet. É bem provável que também aqui surjam hakers, a tentarem seus negócios…

Portanto, Sr. Miguel Sousa Tavares, vá mais devagar nas suas acusações e deixe de fazer sugestões antidemocráticas, pedindo a subordinação formal do Poder Judicial ao Poder Político. Além de não lhe ficar bem, não resolve com certeza este problema.

02 dezembro 2005

Será ético forçar o cruzamento de animais para alterar este ou aquele aspecto? (cães de caça ou de regaço).
Será ético manipular o embrião humano in-vitro para evitar que a futura criança não seja asmática, ou para que venha e ter olhos azuis?
Será ético retirar células de um embrião humano que sobejou de um processo de reprodução assistida para reproduzir a pele da cara uma senhora que ficou desfigurada num acidente? E de uma senhora normal mas que só quer ser mais bonita?

A Bioética, como a ética aplicada a outras ciências, tem tudo a ver com a assimetria do acesso à técnica. É ética toda a operação técnica / biológica que põe em pé de igualdade os aplicadores dessa técnica.

Quando o Dr. Barnard fazia transplantes de coração na África do Sul, e essa técnica não era dominada por muitos países ditos desenvolvidos, toda a gente falava na falta de ética que isso podia significar. Agora, essa técnica já é dominada por muitos desses países, deixou de se falar nesses termos.

O mesmo está a passar-se com os cereais geneticamente transformados que já não têm tanta contestação, porque há cada vez mais países a dominar a respectiva técnica.

Essas técnicas existem porque dão dinheiro e dão poder, que são os dois vectores principais que contam para a sobrevivência do Homem de hoje.