25 julho 2009

O meu reino por um cavalo

O filósofo louco Friedrich Nietzsche sonhava com uma sociedade humana organizada à semelhança do corpo humano. Nessa organização o Estado seria o Cérebro. O filósofo estava fascinado com os trabalhos de Charles Darwin, na altura ainda recentes.
De facto é espantosa a harmonia no funcionamento dos seres vivos: cada Órgão contribui para o Todo na medida exacta de que esse Todo necessita, não obstante ser ele próprio (o órgão) constituído por indivíduos (as células) que nascem, alimentam-se, reproduzem-se e morrem, obedecendo a um plano que hoje sabemos estar inscrito e amplamente divulgado por todos os indivíduos (as células), os quais indivíduos conhecem bem as leis que os regem (o ADN), como se de um Estado de Direito se tratasse.
Mais espantado teria ficado Nietzsche, e mais convencido da excelência do modelo, se soubesse, no tempo dele, que é possível a dois homens permutar os corações, ou os rins. Isso significa que os órgãos têm identidade própria, isto é, não dependem do Eu do indivíduo aonde se desenvolveram, significa que são autónomos.
Penso que a 2ª mundial foi a guerra Nietzsche / Darwin. Dela emergiu uma ideia que se impôs nos espíritos da maioria dos ocidentais de que a Democracia era a via certa para encontrar o modelo de sociedade justa (o Socialismo Soviético foi a exacerbação dessa ideia). Por isso, cada vez que os ocidentais são informados de que existe um “cérebro” escondido que pode vir a condicionar os seus destinos, reagem negativamente, ressuscitando o fantasma de Nietzsche.
Mas estão enganados. A saída do anonimato do grupo de Bilderberg, nos tempos que correm de globalização, e a admissão nesse grupo de personagens que outrora nem sonhavam que o grupo existia, só provam a fraqueza e a fragilidade que atingiram os Capitalistas Ocidentais. Para mim, essa saída do anonimato é um toque a reunir do rei desesperado no meio de uma batalha que está a perder, tentando recrutar adeptos à “Causa Ocidental” num mundo de personagens ocidentais que se vendem por “três dinheiros”, em dólares, patacas ou dinares.
“O meu reino por um cavalo!”

2 comentários:

Anónimo disse...

Mais que acertado.
Exactamente. Tão desesperados ou mais que o cidadão anónimo.
Até conseguiram inventar a gripe do histerismo.
Enquanto se contabilizam os números de caso de gripe mundial (inicialmente conhecida por suína hoje por HN1, mais científico) distraem os cidadãos porque nem eles sabem como resolver esta crise de estouro completo de um sistema financeiro que os alimentava a todos

xatoo disse...

Nietzsche foi o filósofo do Nazismo por excelência. Conhece os planos arquitectónicos do Albert Speer para a Berlim do pós guerra na perspectiva da vitória da Alemanha?
Estão lá essas partes todas do corpo, o grande palácio do Reich cérebro do mundo, uma grande álea central, a espinha dorsal, o fórum dos povos à boa maneira indo-romana, etc.
É giro porque nós também temos por cá alguns exemplares da filosofia importados para a nossa arquitectura pelo Estado Novo; as águias da porta do Jardim Zoológico têm nítida inspiração, embora sejam coisas menores; porque o nosso pulsar do coração que exaltava o Presidente-Rei Sidónio pela pena do Pessoa, um belo dia foi interrompido por um valente tiro nos cornos - e foi desta forma dramática que ficámos com reumatismo nos ossos, embora tratados a preceito por um cirurgião provinciano, foi uma coisa que afinal só foi remendada por gatos em platina fornecidos pela nossa adesão à Nato
God Bless os inválidos