11 novembro 2010


Na vanguarda da Europa



Andam por aí uns treinadores de bancada a dizer que se devia reduzir o peso do Estado na economia portuguesa, diminuindo drasticamente o número de deputados da Assembleia da República, fundindo uma série enorme de municípios e ainda mais juntas de freguesia!

Na minha opinião essas medidas lançariam no desemprego milhares de pessoas que hoje têm posição económica estável e que têm por hábito gastar os seus dinheiros em acessores-de-imagem, cabeleireiros, personal-trainers, mulheres-a-dias, jardineiros, restaurantes ou botiques da moda.

O Estado pouparia dinheiro, mas criar-se-ia desemprego em cadeia porque o número de pessoas em idade activa que são necessárias para produzir aquilo que é REALMENTE ESSÊNCIAL PARA VIVERMOS é muito pequeno, hoje em dia. A culpa é dos automatismos industriais e da supressão de postos de trabalho nos serviços usando as facilidades da Internet ou das comunicações por GSM ou via satélite.

Os últimos anos de “neo-liberalismo” foram uma fuga-para-a-frente dos decisores mundiais quando estes constataram a evidente verdade de que “o factor de produção mão-de-obra-humana é cads vez mais dispensável na produção de bens necessários à sobrevivência da espécie humana (bens e serviços)”.

A China parece ser um dos poucos países que está a olhar com discernimento para o futuro, um tempo de grandes clivagens, aonde emergirão duas únicas classes sociais, a dos poucos que têm emprego e ganham bem, e a dos muitos que estarão desocupados e viverão de subsídios de miséria. Estes últimos, que serão uma grande maioria, afluirão às lojas chinesas a comprar barato. É então que se vai perceber o porquê de na 2ª década do século XXI os chineses terem comprado portos de mar e centros logísticos de distribuição em muitas regiões periféricas do primeiro mundo. Em breve estarão em Sines e no Poçeirão...

Portugal já anda a fazer o ensaio geral desta nova forma de viver. Mais uma vez estamos na vanguarda da Europa!

08 novembro 2010

Resistir à crise




O Diário de Notícias de hoje dedica duas páginas centrais do jornal a uma notícia que mais parece um anúncio gratuito. Dá a conhecer lojas recentemente abertas, aonde é possível adquirir drogas legais (ditas alternativas) para quem não se quer dar ao trabalho (ou à ilegalidade) de procurar as ilegais.
Há os cogumelos que provocam alucinações, as drogas destinadas a “aguentar a noite toda”, e os afrodisíacos alternativos ao já clássico Viagra (mas mais baratos)… Tudo bem explicadinho, com preços e tudo!
E para que se não diga que a “notícia” apela ao consumo de drogas, aparece num cantinho da página uma entrevista de um responsável político dizendo que é preciso ter cuidado no consumo destas drogas, pois podem não ser seguras.
O Diário de Notícias, como órgão oficioso do Governo, devia ter mais cuidado com a forma como dá estas notícias. Ou então o jornal está a fazer mais um frete ao Governo, divulgando formas inovadores de resistir à crise: Comercializar e (ou) consumir drogas…