02 fevereiro 2006

O casamento de seres que se amam.
No sítio aonde moro há uma senhora que é inseparável do seu lindo cão, o Óscar.
Passeia ao fim-de-semana pela minha rua e vai falando com ele. E o bicho percebe, é fantástico!
Na padaria entra com ele ao colo, não vá acontecer como no ano passado, que foi atacado por outro cão quando esperava pela dona lá fora, preso pela trela.
Recordo esse drama como se fosse hoje. O desvelo da dona face ao sofrimento do bicho com a pata entrapada!
Falámos sobre o acidente e ela disse-me que não dormia só de pensar que podia acontecer algo de mal ao Óscar. E o sofrimento que tinha quando ele adoecia e tinha de deixá-lo ao cuidado de estranhos. As pessoas são insensíveis ao sofrimento dos bichos, dizia.
- Por isso, quando ele adoece meto férias e não poupo gastos em veterinário e em medicamentos, que são tão caros. Devia haver outra protecção para os animais.
Dizia depois de passar pelo talho, aviada com bons bifes de vaca charolesa.
- Ó mulher, case-se com o Óscar! Passa a ter dias de ausência ao trabalho remunerados para cuidar da família, descontos no médico, e nos medicamentos, e no IRS. E se você morrer ele não fica na rua, herda os seus bens e o arrendamento da sua casa transita automaticamente para ele. Era outro descanso para si.

Entretanto a diocese de Spokane, no Estado de Washington, ofereceu 45,7 milhões de dólares (38,12 milhões de euros) para conseguir um acordo extrajudicial com 75 pessoas que alegam terem sido abusadas sexualmente por sacerdotes daquela igreja.
Com o avançar d' "as mais amplas liberdades democráticas", depois da legislação que permita o casamento entre homossexuais, assistiremos à batalha pela autorização de casamentos quando um dos nubentes (ou os dois, para disfarçar) é menor de 16 anos, desde que com autorização dos pais. As indemnizações passam a chamar-se dotes.
Quando essa batalha for ganha resolve-se grande parte dos escândalos com pedofilia. Isso acontecerá quando houver uma massa crítica de pedófilos capaz de influenciar a sociedade e o poder político.

Hoje, quem aceita dinheiro como compensação de um abuso sexual devia ser considerado cúmplice, e ser condenado com a mesma bitola penal. Enquanto assim não for, o negócio continua.

3 comentários:

/me disse...

O caso da senhora e do cão não tem a ver com o caso homossexual. Basta apontar dois motivos:

1- é uma situação em que há desigualdade. Enquanto dois homossexuais, maiores de idade, se supõem iguais entre si, uma pessoa e um cão não se supõe o mesmo...

2- O cão não paga impostos, logo não tem os mesmos direitos que as pessoas.

Este teu argumento foi demagógico...

Manolo Heredia disse...

Claro que tem muito pouco a ver. O que tem que ficar claro é o seguinte:
Um acto que é considerado anormal hoje pode não o ser amanhã. Basta que amanhã haja um quantidade suficiente de pessoas a praticar esse acto e desejar que ele seja considerado normal.
Quando a pedofilia for legalizada não faltará quem embandeire em arco dizendo que chegámos à excelência da sociedade helénica!

/me disse...

Ah sim, agora percebo o que estavas a tentar dizer.
Pois, isso da normalidade tem muito que se lhe diga, e às vezes o conceito da mesma evolui por motivos bastante incompreensíveis.
Com isso concordo, e não acho demagógico.

Entretanto, compreendo o teu (se me permites o tratamento) medo de que se possa estar a abrir uma caixa de Pandora. Não me parece é concebível que alguém vá propôr que se legalize a pedofilia. A evolução histórica foi no outro sentido! Na idade média, meninas de 12 anos eram mães de filhos. Isso, que na altura era aceitável e legítimo, agora até nos enoja. Porém, já na altura seria considerado aberrante relações sexuais com meninas de 6 anos. Evoluíu o nosso conceito de quando as crianças atingem a maturidade, e eu penso que essa mesma idade tem vindo a progredir para valores mais altos. Ou seja, não me choca que se venha a discutir passar a idade de casamento para os 18 anos, visto que a maturidade cada vez se atinge mais tarde (na minha opinião).

Enfim, pode considerar anormal o casamento homossexual. Mas esse é muito diferente da pedofilia, porque envolve duas pessoas maiores e que livremente escolhem esse caminho. A pedofilia atropela os direitos da criança. Nisso, é substancialmente diferente. Uma não abre caminho à outra. Numa concedem-se direitos a todos, noutra retiram-se a uns para dar a outros.