15 dezembro 2005

O TGV é mais uma medida de fundo a somar a outras que visam subordinar a economia portuguesa à economia espanhola, europeia, americana...
Depois da digitalização total das comunicações telefónicas que possibilitou o acesso eficiente (barato) à Internet ou a deslocação de back-offices para outros pontos do mundo, facilitando às multinacionais comprar empresas portuguesas ou colocar pontos de venda em Portugal.
Depois da construção da rede de auto-estradas, que possibilitou a importação rápida (barata) de produtos estrangeiros (incluindo excedentes agrícolas).
Impõe-se proporcionar aos gestores de empresas sediadas em Madrid, rápido acesso às sucursais que as suas empresas abriram em Lisboa (mais rápido e mais barato que pelas auto-estradas). Gestores de multinacionais espanholas ou multinacionais americanas com sucursais na Península Ibérica.
E assim vamos assistindo paulatinamente à destruição de oportunidades de nos afirmarmos como país europeu. Vamo-nos contentando com as migalhas do Desenvolvimento. Vamos aceitando ser inquilinos no nosso próprio território.
Quem paga todas estas infraestruturas não está interessado num Portugal-país-europeu, e exige como contrapartida a destruição da Agricultura, das Pescas, da Indústria e de tudo o mais que se verá!
Se tivéssemos apostado na Educação e na conquista de mercados de produtos baseados no Conhecimento, outro galo estaria a cantar hoje, em Portugal!

1 comentário:

AEnima disse...

Não deixa de ser verdade que o que prevê muito provavelmente acontecerá num futuro próximo. No entanto, é preciso realçar a inércia histórica do povo português que procura a riqueza fácil noutro lugar mal uma fonte seca. As infraestruturas que nomeia, não só servem para sermos "invadidos" por multinacionais estrangeiras, como também serve para nós podermos "invadir" as do próximo. O que não temos é uma cultura empresarial sã enraizada que nos permita tomar esse passo e atacar em vez de lamentar o ataque e mendigar ajuda (hoje dos fundos estruturais, amanhã de outra fonte concerteza)! Ser portuguesa é um facto de que me orgulho, mas os defeitos desta nação tem pelo menos 12 séculos de raízes que não conseguem ser arrancadas de repente, nem totalmente... a começar pelo geral baixo nível de educação da população. Educação sim, esta consegue ser provavelmente a nossa maior lacuna, durante muito tempo mais que a maioria dos povos europeus. Já era tempo de se apagar as projecções ilusórias de um desenvolvimento instantâneo que nem a comida deste século e começar pelas bases, com uma política sustentável de apoio à educação e à cultura. Quem sabe se começassemos já não poderiamos ainda conseguir um efeito de "catch up" em linha com as economias mais desenvolvidas e daqui a 50 anos podermos utilizar toda a tecnologia em ambos os sentidos? Para nos promover além fronteiras e não correr a chorar às saias da "mamã" que o irmão nos bateu...