02 dezembro 2005

Será ético forçar o cruzamento de animais para alterar este ou aquele aspecto? (cães de caça ou de regaço).
Será ético manipular o embrião humano in-vitro para evitar que a futura criança não seja asmática, ou para que venha e ter olhos azuis?
Será ético retirar células de um embrião humano que sobejou de um processo de reprodução assistida para reproduzir a pele da cara uma senhora que ficou desfigurada num acidente? E de uma senhora normal mas que só quer ser mais bonita?

A Bioética, como a ética aplicada a outras ciências, tem tudo a ver com a assimetria do acesso à técnica. É ética toda a operação técnica / biológica que põe em pé de igualdade os aplicadores dessa técnica.

Quando o Dr. Barnard fazia transplantes de coração na África do Sul, e essa técnica não era dominada por muitos países ditos desenvolvidos, toda a gente falava na falta de ética que isso podia significar. Agora, essa técnica já é dominada por muitos desses países, deixou de se falar nesses termos.

O mesmo está a passar-se com os cereais geneticamente transformados que já não têm tanta contestação, porque há cada vez mais países a dominar a respectiva técnica.

Essas técnicas existem porque dão dinheiro e dão poder, que são os dois vectores principais que contam para a sobrevivência do Homem de hoje.

5 comentários:

a disse...

Tema sensível e controverso. Não sei responder a essas perguntas. Mas sei que, assim como se precisasse de um transplante de coração fá-lo-ia, se um filho meu precisasse de células de embrião para curar o que quer que fosse, eu faria tudo para as ter!

Manolo Heredia disse...

E faz muito bem!
Talvez não sinta a mesma convicção se lhe pedirem para doar os orgãos de um filho seu em estado de morte cerebral!
Mas isso é outro assunto.

Maria disse...

O desespero é um caminho desconhecido...só enfrentando a situação em concreto poderemos dizer o que vamos fazer...No entanto, a manipulação genética, seja de que ser, quando utilizada para fins "mais altos" como evitar que um bebé venha a sofrer de uma doença geneticamente transmissível, não me causa transtorno. Sim, eu sei, que esses fins nem sempre são perseguidos e que é o dinheiro e o poder que falam mais alto... estranho mundo, este.

Luís Monteiro disse...

Apesar de ser matéria difícil, este post e os seus comentários são de louvar porque provam que ainda existe alguém a reflectir. Existe muita informação disponivel sobre o tema. Na Internet temos, por exemplo como revisão sobre o tema na www.bmj.com Kuehnle Ingrid et al. The therapeutic potential of stem cells from adults.BMJ 2002;325:372-376 (17 August). Com linguagem mais simples (e aqui com referência a fontes de céls estaminais que não apenas de adultos)temos o artigo da National Geographic de Julho 2005. A questão basilar é quando começa o ser humano com, pelo menos o direito à vida. E depois há a questão prática (admitida até pelo Prof. Daniel Serrão) que é o que fazer ás céls. armazenadas há vários anos resultantes de tentativas falhadas de fertilidade? Põem-se no lixo? Usam-se para investigação?

Mónica disse...

um pau de dois bicos! precisamos do avanço tecnologico/biomédico/agricola/etc mas até q ponto ele nos tranforma/destroi? não sei!