20 outubro 2005

Fazer nada por prazer
É uma legítima ambição.
Até pode não parecer
Mas faz bem ao coração

Certos nada são muito mais
Que pensar em orçamentos
Em engenheiros e outros tantos
Que não vêm nos jornais

Assim, tirarei o proveito
Das fitas que há p´ra ver
Hei-de encontrar um jeito
Isso sim, isso é viver.

E nos livros que já li
Que me ficaram no goto
Vou reler o que senti
De Pessoa a António Botto.

Vou encontrar coisas novas
Que nem sonhava ter lido
Pois quem lê velhas trovas
Descobre outro sentido.

Fazer tudo isto na calma
Revigora o nosso ser
É um descanso da alma
Dá um gozo, a bem dizer.

Vou viajar sem ter norte
Às horas que entender
O acaso é a minha sorte
Sem nada p'ra me prender.

O mês de Março a entrar
Do ano dois mil e cinco
E eu, em vez de trabalhar
Faço versos com afinco.

Há quem diga estou demente
Levo horas a cismar
Eu devia é estar ausente
Ir p'ra longe ver o mar

E agora que já é hora
De sair desta espelunca
Vou-me embora, porta fora
Mais vale tarde que nunca.

2 comentários:

Anónimo disse...

«Mais vale tarde que nunca». => momento em que houve a coragem de mudar de trajectória

Manolo Heredia disse...

anónimo,
aqui não se aplica, estava a referir-me a sair do emprego às 6 da tarde!
Estes versos foram feitos num dia de desânimo, hoje é outro dia, já está tudo O.K.