23 outubro 2005

O código de Ética para Gestores e Empresários, criado pela Associação Cristã dos Empresários e Gestores (ACEGE), foi assinado no dia 20 de Outubro de 2005 por membros daquela associação.

O jornal Público noticiou:

"Com assinatura do código, gestores e empresários assumem pessoalmente um conjunto de obrigações éticas na acção empresarial, onde encontram questões como a justa remuneração dos trabalhadores, as condições de trabalho, o combate à fraude e evasão fiscal e corrupção."

Surge pela primeira vez um esboço de certificação de pessoas, quanto a códigos de conduta.

O referido grupo de signatários reconhece que a classe dos gestores e empresários não é bem vista pelo público (como referiu o Dr. Roquette em entrevista à TSF), o homem comum costuma classificar os Gestores de Aldrabões com o fisco, desrespeitadores das leis do Trabalho e do Ambiente, Corruptos (activos ou passivos).

Um movimento semelhante apareceu nos anos 50, quando havia também grande desconfiança quanto à qualidade dos produtos e serviços vendidos por grande parte das empresas a actuar no mercado de então.

Grupos de empresários que queriam diferenciar as sua empresas criaram normas de gestão que servem de referência na certificação da qualidade das suas empresas, que é feita por organismos independentes, exteriores à empresa. Os símbolos de "empresa certificada", que encontramos hoje nos documentos de marketing, nas facturas ou até pintados nas viaturas das empresas, são emitidos por esses organismos, e mostram como a ideia da certificação proliferou nos últimos anos, abrangendo hoje grande parte das empresas da Europa. A norma ISO 9001-2000 é a mais conhecida por garantir a satisfação do cliente, mas também estão muito divulgadas as normas 18001 e 14001 que garantem a boa gestão da higiene e segurança dos trabalhadores e gestão da poluição, respectivamente. Este sucesso deve-se ao facto de as partes envolvidas (empresários, clientes, fornecedores, público em geral) reconhecerem que as empresas certificadas cumprem mais vezes e melhor aquilo que se espera delas. São mais rentáveis (empresários), fornecem melhores produtos e serviços (clientes), são melhores clientes (fornecedores), são socialmente mais válidas (público em geral).

Para que os signatários do Código de Ética se imponham no futuro como homens sérios e cumpridores dos princípios do código (aquilo que se espera deles), devem ir mais além da assinatura. Têm que imaginar e pôr em marcha um sistema de fiscalização periódico e independente, das sua próprias práticas, que contemple penalizações para aqueles que prevaricarem, como acontece nas normas da qualidade.

3 comentários:

SDF disse...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
SDF disse...

Concordo ipsis verbis que os sistemas implementados de acordo com referenciais de ética e responsabilidade social devam ser sugeitos a verificação por parte de organismo independente - o que aliás já acontece com as certificações SA8000 e AA1000.

Mas já agora aproveito para corrigir os termos "penalização" e "prevaricação" usados relativamente à gestão da qualidade:

Nenhum OC (organismo de Certificação) que faça auditorias de acordo com o referencial ISO 9001:2000 "penaliza" as organizações quando encontra não-conformidades nos seus sistemas. Apenas lhes deixa a informação documentada da sua detecção, que é precisamente a mais valia que uma auditoria de terceira parte trás a uma organização. E dá-lhes um determinado período de tempo para que estas sejam corrigidas de forma a que a organização possa manter o certificado válido.

Peço desculpa pela correcção, mas pareceu-me importante. Neste país ainda existem muitas cicatrizes herdadas dos tempos da PIDE e ainda se confunde muito auditorias com fiscalizações, certificações com legislação, e por aí fora. Mas em gestão da qualidade, nada é imposto. As empresas implementam um sistema de gestão da qualidade porque o desejam e lhe reconhecem mais valia e certificam-no pelas mesmas razões. E os auditores de terceira parte vão às empresas a seu pedido, prestar-lhes um serviço que também lhes acrescenta valor. É importante que se perceba isto de uma vez por todas.

(bem.. isto ficou enorme... grande abuso da minha parte logo na primeira vez que aqui venho! As minhas desculpas por isso.)

Manolo Heredia disse...

Sandra,
Em nenhum lado se lê no meu "post" que a penalização é dada pelo OC. Falo num sistema que contemple penalizações...
Elas existem de facto para quem persistir em não corrigir as recomendações do OC. No caso da ISO 9001-2000 pode ir até à anulação do certificado. No caso da ética poderia ser, por exemplo, publicitar a desvinculação da pessoa do código.