07 outubro 2005

Quando o ovo é fecundado pelo espermatozoide (ou pelo pólen, no caso das plantes) inicia-se a grande caminhada de construir um novo indivíduo. Não um indivíduo qualquer, mas um indivíduo muito semelhante aos progenitores, pois esse processo faz-se por cópia das características genéticas dos pais.

Depois de o novo indivíduo estar totalmente concluído, verifica-se que tem características genéticas herdadas dos pais e outras que não são do pai nem da mãe. Essas outras resultaram de erros de cópia. Isto é, o processo de cópia não é perfeito.

São esses erros de cópia que proporcionam a evolução das espécies.

Pois permitem que apareçam indivíduos sempre diferentes e, por isso, mais ou menos adaptados ao meio ambiente, conforme a sorte que tiveram no erro de cópia que lhes coube em sorte.

Os que tiveram mais sorte, coube-lhes uma diferenciação genética favorável, que lhes permite competir em vantagem com os seus semelhantes, têm por isso mais probabilidades de sobrevivência e, portanto, mais oportunidades de reprodução, transmitindo esses bons genes às gerações seguintes.

Os que tiveram menos sorte, coube-lhes uma diferenciação genética desfavorável, estão em desvantagem, vão morrer mais cedo e reproduzir-se menos.

É assim, por acaso, que aparecem as adaptações perfeitas ao meio ambiente.

Também é assim que aparecem novas espécies, por diferenciação sucessiva e sempre divergente.

O que distingue duas espécies diferentes é, basicamente, o facto de os indivíduos de uma espécie não se puderem cruzar com os de outra.

A girafa não tem o pescoço grande porque a bisavó e trizavó ... andaram a esticar o pescoço durante toda a vida, e o organismo foi-se adaptando. Não. O que aconteceu foi que, durante milhares de gerações nasceram animais com o pescoço maior, por desvio de cópia, e “Deus viu que era bom” e fez com que daí para a frente fossem todas assim.

O que manda no comportamento dos animais e das plantas é o conjunto de genes que os habitam. È a sua razão de ser.

Os indivíduos são veículos que transportam genes. A sua missão é a de os transmitir aos seus filhos, cumprindo o velho destino na Terra de : Comer -> Sobreviver Reproduzir-se. Quem manda são os genes.

Este esquema de funcionamento da Vida é que conduz ao egoísmo dos indivíduos (animais e plantas), pois eles têm uma missão a cumprir, não podem fazer concessões, só cooperam uns com os outros quando a cooperação ajuda a cumprir a missão.

Então e o Homem ?

Foi assim:
Há milhões de anos apareceu na terra uma nova espécie de macacos que tinha a faculdade de comunicar por sons de uma forma mais elaborada que os outros macacos.
Tinham linguagem. Essa faculdade conduziu à criação dos primeiros conceitos que, memorizados, são os primórdios da cultura. Isto é, são experiência transmissível aos filhos.

A transmissão de experiência de pais para filhos deu vantagem competitiva a esta espécie de animais, que começaram desde logo a impor-se aos outros animais.

Nasceu a cultura que, segundo os neo-darwinistas (Darkins, Dennett) é uma extensão dos genes, a que chamaram memes.

Exemplo de memes: “Comida”, “perigo”, “mais vale um pássaro na mão do que dois a voar”, “pintava a minha cara de preto”.

Os “memes” são concentrados de cultura elementares, que se transmitem facilmente de geração para geração. São aos milhões que habitam em cada homem. E, ainda por cima, comportam-se como os genes; preduram no tempo só os memes que se revelaram bons para a adaptação do indivíduo (neste caso à Sociedade aonde vive). São também eles que mandam.

Conclusão: O homem não é senão um veiculo de “genes” (animais ou culturais), impregnado por milhões deles e comandado por eles.

Por isso é possível fazer os apuramentos "meméticos" que conduzem aos Kamikases!

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